A Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Piauí ignorou a medida que atenta contra a liberdade de expressão e, nesta quarta-feira (22), decidiu manter o jornalista Arimateia Azevedo preso e não mais em casa e sim em presídio, em mais um capítulo da perseguição imposta ao diretor do Portal AZ, reconhecido pela coragem de denunciar malfeitorias de poderosos, na política, na polícia e na Justiça.
O relator, desembargador Joaquim Santana, votou pela manutenção da prisão domiciliar, o que já vinha sendo considerada uma violência desproporcional, mas os outros dois desembargadores votaram pela transferência do jornalista, cuja pena é tão temida, para o regime fechado.
A decisão ignora que o jornalista, septuagenário, é portador de várias comorbidades e faz parte do grupo de risco de contaminação por Covid-19. Além da prisão, a censura imposta ao jornalista, há quase 40 dias, constitui a garantia aos poderosos de que não serão incomodados por suas denúncias.
O pretexto para a prisão de Arimateia Azevedo se apoia exclusivamente na palavra de um cirurgião plástico acusado de erro médico, Alexandre Andrade, que teria procurado o jornalista para evitar publicações sobre sobre seu caso. Ele é acusado de provocar danos para uma paciente, quase causando a morte dela.
Um jornalista desassombrado
Arimatéia Azevedo tem cerca de 50 anos deles dedicado ao jornalismo investigativo, sempre denunciando criminosos da política, da polícia e da justiça.
Em 1987, denunciou o crime organizado no Piauí, comandando pelo então coronel Correia Lima, da PM. Ele teve que se refugiar em Brasília para não ser morto. A sua denúncia só foi investigada somente 12 anos depois, pela Polícia Federal, do Ministério Público Federal e Justiça Federal, resultando no desbaratamento da quadrilha e na prisão e condenação de vários criminosos, inclusive o coronel Correia Lima.